quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O anseio da alma humana





“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti, o meu corpo te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água.”
O clamor do salmista neste salmo é um anelo inerente toda alma humana. Consciente ou inconscientemente, todas as pessoas suspiram por Deus em seu íntimo.

Segundo a Bíblia, Deus criou o homem para ter comunhão com Ele (ver Gn 2.18-20; 3.9), portanto o propósito da vida de todo ser humano seria andar com o seu Criador e glorificar-lhe o nome santo. Desviado desse objetivo final da existência, a criatura, como não poderia deixar de ser, acha-se acometida de uma crônica falta de sentido. É como se o chapéu, feito obviamente para a cabeça, estivesse sendo usado como sapato. Não teria sentido. Foi o pecado que desviou o homem do plano original que o Criador traçou para a sua vida (Rm 3.23). A palavra grega usualmente para pecado é “hamartia” e tem o sentido básico de “errar o alvo”. Como um arqueiro que atira a flecha, mas erra o alvo,  o pecador erra no tocante ao objetivo final da vida: fazer a vontade de Deus e ter comunhão com Ele. Isso explica o vazio existencial que tem acometido os corações.

O romancista russo Fiodor Dostoievski disse que há no homem um vazio do tamanho de Deus. Nessa afirmativa reside a explicação para tantos desatinos perpetrados pela espécie humana na busca insaciável de se preencher.

Albert Camus, filósofo francês, afirmou uma vez que o homem não pode viver sem significado. E este parece ser o grande mal do mundo hodierno: falta de um significado legítimo para a existência.  Nós nascemos, passamos a vida fugindo e morremos fugitivos. Fugimos porque consciente ou incosncientemente rejeitamos a realidade mais desconcertante de todas: erramos o alvo e precisamos retornar imediatamente ao Criador.

O doutor Fábio Ikedo, no livro Um Vazio do Tamanho de Deus, conta que há alguns anos foi efetuada uma pesquisa de opinião pública na França. O resultado mostrou que 89% das pessoas consultadas admitiram que o ser humano precisa de “algo” pelo qual possa viver, ou seja, andam em busca de alguma outra coisa que eles não sabem o que é. Estão como os atenienses que buscavam um deus cujo nome não sabiam e, por isso, se reportavam a ele chamando-o de deus desconhecido (At 17.23).

Um levantamento - continua o doutor Fábio Ikedo - feito com 100 alunos da Universidade de Havard, todos provenientes de famílias abastadas, revelou que 25% desses alunos duvidavam que suas vidas tivessem algum sentido. Revistas psiquiatras relatam que esse mesmo fenômeno ocorria em todos os países comunistas.

O evangelista Billy Graham disse certa vez: “Queremos paz e alegria e felicidade que não achamos em lugar nenhum, porque isso não pode se achar à parte de Deus”. Perfeito. Os seres humanos nunca estarão satisfeitos com aquilo que têm, pois a necessidade da alma é grande demais, é da ordem do eterno, e, portanto não pode ser preenchida com coisas fúteis e perecíveis. Muitos têm buscado preencher-se com os tesouros deste mundo: dinheiro, fama, prazeres; outros se entregam ao sexo, drogas e álcool, mas a sensação de que algo está faltando é onipresente. Não adianta tentar fugir: o homem vai dar sempre de cara com esta realidade: ou Deus ou o caos. Paulo diria que esse “algo” que vocês buscam, sem nem mesmo saber o nome, é o Deus que eu anuncio, o Criador dos céus e da terra (ver At 17.23,24).