domingo, 26 de agosto de 2012

Josué, um líder engrandecido por Deus

“Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro”(Pv 22.1).

A Bíblia diz que o Senhor, como havia prometido, engrandeceu seu servo Josué diante de todo o povo de Israel (Js 3.7; 4.14) e fez de tal forma que o temor dele caiu até sobre seus inimigos. A promessa de Deus era a esse abnegado servo era: “Assim como fui com Moisés, serei contigo”. De posse da promessa, Josué transformou-se num excelente estrategista de guerra (Js 8.3-22). Os reis de Canaã nunca tinham conhecido estratégias tão eficientes, embora excêntricas, como a que Josué usara em Jericó. Viram a forma espetacular como o grande líder se insurgiu contra os habitantes da cidade de Ai. E o mais interessante: ouviram sobre a devoção de Josué a um Deus capaz de abrir o Jordão, ou antes o mar Vermelho, ao meio para fazer passar o seu povo. Por tudo isso, o temor caiu sobremodo sobre aquele povo. É obvio que o respeito a Josué devia-se ao fato de o Senhor Deus estar à sua frente, operando grandes sinais por meio dele. Aliás, é pertinente perceber o sentimento dos cananeus nas palavras de Raabe.

Bem sei que o Senhor vos deu esta terra e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiado diante de vós. Porquanto temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós quando saíeis do Egito, e o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Seon e a Ogue, que estavam dalém do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isso desmaiou o nosso coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos céus e embaixo na terra (Js 2.9-11).

Os anos de dedicação ao Senhor e a Moisés contribuíram muito para conferir honra e respeito ao bom nome de Josué. Aliás, respeito e honra não é algo que se impõe, mas algo que se conquista. A fé do servo de Moisés em Deus fê-lo tornar-se um líder de grande projeção para todo o povo (Js 1.16-18). Vale aqui transcrever o comentário do pastor Elienai Cabral sobre o bom nome de Josué.

O grande sábio Salomão declarou que mais “digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro”(Pv 22.1). Josué tinha um bom nome que se destacou pela fidelidade a Deus e a Moisés. Quando ele e Calebe deram seu relatório diferente dos demais, enfrentaram resistência. Eles tentaram convencer a Israel de que deveriam entrar na terra prometida, mas ninguém deu muita atenção ao seu relatório. Eles ainda não tinham construído um nome que influenciasse suficientemente o povo para decidir entrar na terra. Aquele povo temia o futuro e estavam acomodados com as coisas do presente. Porém os anos se passaram e Josué conquistou o seu espaço de liderança, porque era um homem temente a Deus; era correto nas suas atitudes e procurou viver de acordo com um padrão que o tornou conhecido e influente. Ele ganhou bom nome porque sabia obedecer a Deus, sendo servo, guerreiro e líder do povo. Diante do desafio do Jordão, por sua liderança convenceu o povo de que Deus estava com ele e lhe daria vitória. Seu caráter era um referencial. Ele valorizava o que era certo, mesmo que, politicamente, não agradasse a todos. Essa postura tornou-se conhecida entre todos e tornou-se uma imagem positiva de influência. Por isso seu nome ganhou respeito, não só entre o seu povo, mas expandiu-se entre as nações (CABRAL, Elienai. Josué: um líder que fez a diferença. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p 94).

Antigos habitantes de Canaã


Quando os filhos de Israel chegaram à terra de Canaã, a região era habitada por um povo misto, descendente de Cã, um dos três filhos de Noé. Aliás, o nome da região vem de Canaã, um dos quatro filhos de Cã. No capítulo 10 de Gênesis, a Bíblia mostra que os filhos de Cã são: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã (v 6). “E Canaã gerou a sidom, seu primogênito, e a Hete, e ao jebuseu, e ao amorreu, e ao girgaseu, e ao heveu, e ao arqueu, e ao sineu, e ao avardeu, e ao zerameu, e ao hamateu, e depois se espalharam a família dos cananeus” (15-18). Seis desses povos se juntaram numa confederação para guerrear contra Josué. No livro Josué, um líder que faz a diferença (cap 5), o pastor Elienai Cabral faz um levantamento muito claro das principais características desses povos. Reproduzimos a seguir o levantamento feito pelo dileto pastor, com apenas algumas adaptações.

1. amorreus. Os “amorreus” eram um povo montanhês que vivia em terras altas a oeste do mar morto, até Hebrom (Gn 13.18; 14.7,13), vindo a habitar, posteriormente, no planalto, a leste do Jordão, desde Arnon até Jaboque (Nm 21.13,27). Eles tinham grande domínio das montanhas de sua habitação e, por conseguinte, difíceis de serem surpreendidos e vencidos. Era um povo famoso pelas suas guerras (Nm 13. 29). Este povo tinha como característica principal a pilhagem e a destruição que suas tropas faziam com as cidades e reinos conquistados por eles. Quando atacados, reagiam com ferocidade e utilizavam o fogo como elemento destruidor (Nm 21.28).

2. cananeus. A palavra cananeu na língua hebraica refere-se à terra baixa. A Bíblia diz que os cananeus eram especialistas em artefatos de ferro (Jz 4.1-3). Afirmam os lingüistas que os cananeus tinham um idioma o qual falavam e escreviam, muito relacionado à língua hebraica. As provas dessas afirmações são oferecidas por arqueólogos que descobriram um dialeto cananeu escrito em inscrições feitas nas minas de turquesa no Sinai. Eram inscrições adaptadas de hieroglíficos feitos por símbolos fonéticos do dialeto cananeu. A civilização cananéia é identificada pela existência de uma biblioteca de literatura religiosa encontrada num local chamado Ugarite. A religiosidade pagã dos cananeus é uma mistura de mitologia e tinha como deus principal a Asera, mãe de Baal, deus da fertilidade.

3. Heteus. Descendentes de Hete, quarto filho de Cam. Habitavam nas regiões centrais da Palestina. Era um povo sem fixação certa, porque vivia em constante migração. Este povo foi listado como um que devia ser banido da terra de Canaã. Posteriormente vimos os heteus tomarem parte de uma guerra contra Israel (Js 9.1,2).

4. Heveus. São antigos moradores da terra de Canaã (Jz 3.1-3) e eram conhecidos pelas sutilezas criadas nas suas guerras, armando ciladas para os seus inimigos. Viviam nas montanhas do Líbano, desde o monte de Baal-hermom até à entrada de Hamate (Jz 3.3), que ficava na faixa das colinas do Líbano e do Hermom. Os heveus eram um povo astucioso, não necessariamente violento. Sua atividade econômica consistia no comércio de várias especiarias.

5. Girgaseus. Pode-se dizer que eram uma ramificação dos heveus, uma vez que estavam, segundo os historiadores, muito ligados a eles. Os girgaseus viviam em uma região de Canaã que era muito argilosa, ou seja, arenosa. Daí o significado do nome “girgaseu” que é “terra argilosa ou arenosa”.

6. Jebuseus. Os jebuseus habitavam a região mais tarde associada à tribo de Benjamim, especialmente a cidade de Jerusalém que, na época, chamava-se Jebus, (Js 18.28; Jz 19.10). Eram descendentes do terceiro filho de Canaã (Gn 10.16) e viviam nas montanhas ao redor de Jerusalém, entre os heteus e os amorreus (Nm 13.29).

7. Ferezeus. Eles aparecem como um povo agrícola na terra de Canaã, cujo nome pode significar “aldeões” ou “rústicos”, porque habitavam em lugares não murados, ao ar livre. Era um povo pobre que se preocupava apenas com as coisas que podia tirar da terra para sobreviver.

Obs. Gn 10.15 não menciona os ferezeus entre o grupo de cananeus.