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DEZ ERROS QUE UM LÍDER NÃO PODE COMETER (RESENHA)

O livro 10 erros que um líder não pode cometer é de autoria de Hans Finzel*, e foi publicado originalmente com o título The top tem mistakes leadera make, sendo publicado no Brasil em 1999 pela editora Mundo Cristão. É um livro voltado para o ramo da liderança e tem como público-alvo pessoas que exercem ou pretendem exercer a função de líder.

O livro está dividido em 10 capítulos bem sucintos, através dos quais o autor, munido de vasta experiência no campo da liderança aponta dez erros, um em cada capítulo, que pode levar qualquer líder ao fracasso, como também apresenta contrapontos, tendo e vista inserir seu leitor em um novo e promissor modelo de liderança. Na parte introdutória do livro, Finzel traz uma definição de liderança baseada na própria experiência, conta sobre sua ascensão à liderança de uma grande organização e faz algumas observações sobre habilidades que não podem faltar na vida de verdadeiros líderes. De forma prática, propõe que o significado de liderança é influenciar, sendo, portanto, a função primordial de um líder a de influenciar pessoas.

No primeiro capítulo, o autor discorre sobre uma forma tradicional de liderar que ele chama de atitude líder-liderado, a qual se caracteriza na pessoa de líderes que acreditam que todos estão na organização para servi-lo, enquanto que eles estão ali para ordenar. Finzel propõe que esta é a dificuldade nº 1 na arte de liderar. Ele considera que o entendimento de hierarquia dentro de uma organização, onde o superior ordena e o subalterno apenas obedece, o que parece natural para muitas pessoas, não é a maneira correta de liderar e, como contrapartida, propõe um novo modelo sustentando no que ele chama liderança de servo, o qual se inspira na maneira de liderar apresentada por Cristo que, na noite em que fora traído, tomando uma bacia com água, lavou os pés de seus discípulos para em seguida afirmar: “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam o que eu lhes fiz. Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem essas coisas, serão bem-aventurados se as praticarem”(Jo 13.15-17). A partir da lição extraída dos versículos supracitados, o autor delineia as características do modelo apresentado por Cristo, quando aplicado a liderança num contexto moderno. A partir deste modelo, são apresentadas dicas muito importantes para quem quer se esmerar na arte de liderar.

No capítulo dois, Finzel faz uma crítica ao modelo de liderança que supervaloriza a rotina de trabalho em detrimento das pessoas. A partir daí ele aproveita para ressaltar o fato de o líder, quanto mais importante for o seu papel, mais importante será o seu pessoal de trabalho; pessoas que, aliás, são, segundo Finzel, oportunidades: não interrupção. Dentro dessa abordagem, o autor problematiza temas como liderança voltada para o trabalho, o problema do acumulo de responsabilidade, influenciando as pessoas e ainda pessoas transformam pessoas pelo contato direto. Pode-se ter uma idéia do conteúdo do capítulo em apreço apenas olhando os temas. Finzel vai falar de como as organizações avaliam a liderança com base em suas realizações no trabalho, o que implica em acúmulo de responsabilidades sobre os líderes de hoje. Ele fecha o capítulo falando sobre a necessidade de se influenciar as pessoas através do contato direto com elas, e este contato não pode ser substituído sem prejuízo nas relações.

Na seqüência (cap 3) temos um espaço para tratar da questão do incentivo. O autor vai defender a idéia de que as pessoas prosperam quando incentivadas e que incentivo não significa só aumento de salário. Ele mostra a importância dos gestos simples do dia-a-dia, como dizer obrigado, elogiar por um serviço bem feito, parar para conversar com um funcionário, etc. Nesta mesma linha, classifica as pessoas em grupos diferentes no tocante a necessidade de incentivo. São os desesperados – não se satisfazem com elogios, querem aprovação; os instáveis – necessitam especialmente de atenção, dada a sua instabilidade emocional; pilotos automáticos – mostram-se tão fortes e tão aplicados ao trabalho que parecem não necessitar de elogios.

No capítulo 4, Finzel faz uma crítica às instituições engessadas, aprisionadas em uma tradição antiga que não lhes permite inovações exatamente por causa da ausência de pessoas não-conformistas. Ele vai explicar o que significa um não-conformista e mostrar a grande necessidade deles nas instituições para que estas não entrem em um processo de paralisia no decorrer dos anos. Ele traça o ciclo de vida das instituições - infância, adolescência, idade adulta, meia-idade e os anos grisalhos, enaltece a necessidade de admissão de pessoas inovadoras e dar exemplos de não-conformistas como Martinho Lutero, apóstolo Paulo, Martin Luther King, entre outros.

No capítulo 5, é apresentado um modelo de liderança participativa, ou facilitadora contra um modelo de liderança ditatorial. Finzel fala da importância da participação dos colaboradores nas decisões da instituição, observa que as grandes idéias normalmente vêm dos trabalhadores e ilustra essa afirmativa com uma panela no fogo, emitindo enormes bolhas do fundo, por estar em estado de ebulição, e que, segundo ele, anuncia que o greisbei (comida típica) está pronto. O autor enriquece essas considerações sobre liderança facilitadora com alguns gráficos que ilustram as diferentes maneiras de liderar, onde ele contrasta o organograma do modelo tradicional, em que o líder está no topo, acima dos subalternos, com o organograma horizontal do tipo “liderando a responsabilidade”, onde o líder aparece adiante do grupo, como que o conduzindo numa batalha. É, na verdade,uma crítica aos ditadores da liderança, que se satisfazem apenas em ordenar e toma as decisões de forma unilateral. Finzel vai dedicar algumas páginas deste capítulo para discorrer sobre as características malévolas de um ditador e vai encerrá-lo com pontos de reflexão sobre como os ditadores gostam de trabalhar versus como os facilitadores lideram.

Na seqüência, o autor vai falar sobre delegação, e denomina um modo de proceder como “delegação suja”, e que seria o motivo por que muitos líderes fracassam. Delegação suja, segundo ele, é a velha prática de subestimar a capacidade dos colaboradores, às vezes, lhes incumbindo de determinada tarefa e, antes que a mesma seja terminada e avaliada, o líder contrata os serviços de um outro profissional para fazê-la, causando grande frustração e desmotivação ao funcionário anteriormente responsabilizado. É uma crítica ao líder que não delega responsabilidades, porque, segundo Finzel, tem medo de 1) perder a autoridade, 2) de que o trabalho do subordinado saia melhor que o dele, 3)indisposição para gastar o tempo necessário, ou seja, não quer esperar pela disponibilidade do funcionário, 4) de depender dos outros e 5) falta-lhe treinamento e experiência para tal. No final deste capítulo, há um ponto de reflexão sobre quais sejam os ingredientes de uma delegação limpa: fé naquele a quem você delegou, livramento do desejo de você mesmo fazer melhor, relaxamento da obsessão de que tem que ser feito do seu jeito, paciência no desejo de você mesmo fazê-lo mais rápido e visão para desenvolver outros com a sua habilidade de delegação.

No capítulo 7, o livro trata da importância da boa comunicação dentro de uma organização, bem como dos malefícios que uma comunicação ineficiente pode causar. O autor introduz este assunto dando como exemplos casos da vida cotidiana, quando a comunicação falhou e gerou sérios prejuízos. Segundo ele, um sistema de comunicação eficiente é aquele que deixa todos os colaboradores a par das informações importantes da organização, pois colaboradores bem informados são confiantes e isso tem resultado direto na eficiência. Finzel delineia o ciclo de vida de uma organização no que tange ao processo comunicativo. Ele diz que, em tenra idade, quando a empresa ainda é pequena, normalmente a comunicação é oral, informal, espontânea, ativa e viva. Todavia, quando a empresa entra na fase adulta, ou seja, começa a se transformar numa empresa de médio a grande porte, há uma necessidade vital de se formalizar o processo comunicativo, quando a comunicação tem que ser escrita, formal, planejada, passiva e litúrgica. Dentro deste recorte, são apresentadas dicas interessantes para se aperfeiçoar o sistema de comunicação dentro de qualquer organização.

O espaço seguinte é reservado para o que o autor chama de cultura coletiva que, segundo definição do próprio autor, é a forma como os trabalhadores internos de uma organização se comportam, baseados nos valores e nas tradições de grupo que conservam. A partir da definição, Finzel esclarece que cada organização tem os seus valores próprios, e fala das dificuldades e necessidades que um colaborador tem de adaptar-se ao ambiente de cada nova empresa em começa a trabalhar. Segundo Finzel, a cultura coletiva está em todas as organizações, desde as mais básicas, como a família, até à mais complexas e isso força o indivíduo que, inevitavelmente, vive a transitar por esta instâncias, à necessidade de adaptação constante. Há orientações importantes sobre como um grupo identificar a própria cultura coletiva que o constitui, e isso deve ser feito se apropriando de duas categorias: os valores e as crenças. A primeira categoria equivale às preferências da organização, a segunda equivale aos absolutos morais. Este o capítulo, onde o autor aborda mais precisamente a questão eclesiástica.

No capítulo nove, o autor trata da fase de transição na liderança, quando, no dizer dele mesmo, o líder deve passar a tocha para outro. Constitui-se um momento muito difícil para quem passou anos dedicando sua vida a uma organização, construiu histórias, fez amizades e pôde ver a marca de seu trabalho em cada canto da empresa, agora ter que abrir caminho para um novo líder, mas adaptado à nova geração. Finzel observa que o sucesso na liderança tem tudo a ver com a capacidade de conduzir bem, com humildade e desprendimento, uma transição, ou seja, “acabar bem é uma medida importante do líder de sucesso”. Aqui são apresentadas as barreiras que impedem um líder de preparar outros que possam eventualmente substituí-lo, entre elas, o medo de isolamento, resistência a mudança, falta de confiança no sucessor e amor pelas pessoas e pelo trabalho. Finzel dá orientações sobre como perceber talentos e preparar seus detentores para, futuramente assumirem a posição de liderança, bem como da necessidade essencial de fazê-lo; aponta meios de como derrubar as barreiras das mudanças e alerta sobre o mal que o apego irracional de um líder ao cargo pode causar à organização. Este capítulo se encerra com um poema de Mark I. Bubeck (pai do autor) intitulado: Observando a Passagem da Tocha.

O livro se encerra com uma consideração pungente sobre as mudanças vertiginosas que estão acontecendo no mundo e as necessidades prementes de meios adaptativos de lidar com essas mudanças. É praticamente um tratado sobre o futuro que nos aguarda, onde deve estar focado o olhar do líder. Segundo o próprio autor, a concentração de um líder não deve estar no passado nem no presente, mas no futuro. Neste ambiente de mudanças constantes, o autor fala da necessidade de sonhadores, e cita alguns como exemplos, entre eles, Walt Disney. Finzel fecha sua obra, fazendo uma consideração sobre a fé e o futuro, onde ele recorre às promessas escatológicas bíblicas para visionar um futuro de paz, o qual fora projetado por Deus para seu povo.

O livro de Finzel vem atender a uma necessidade premente no momento: a conscientização de um novo conceito de liderança, que dê conta das demandas de um mundo em constante mudança. Este novo conceito poderia partir do rompimento com aquela antiga relação hierarquizada do tipo líder-liderado, abordada pelo autor no primeiro capítulo do livro em apreço.

São muitos os autores que propõe como alternativa ao modelo antigo a liderança participativa, ou a liderança de servo, como a desempenhada por Cristo. Um deles, que já li e apreciei muito é O Monge e o Executivo, de James C. Hunter. Este, como Finzel, fala das mudanças frenéticas do mundo, nomeando-as de quebra de paradigmas e propõe um novo modelo de liderança servidora, inspirada na pessoa de Cristo. Ambos os livros são ferramentas indispensáveis para quem deseja ou já desempenha um papel de líder.

Conheço pouco o estado das instituições seculares, o que me desabilita fazer uma aplicação genérica do livro resenhado, mas, analisando o contexto religiosos, espaço onde tenho bastante atuação, tenho visto muitas igrejas estagnadas sob a justificativa de guardar princípios e tradições que atendiam muito bem às antigas necessidade de seus fundadores, mas que, com as mudanças de nossa sociedade pós-modera, ou, com a quebra constante de paradigmas, não se mostram mais eficientes. Lamentavelmente, os dez erros que Finzel cita em sua obra são exatamente o mal que as estagna. Há algumas, cujos líderes, estão na sua frente há quase trinta anos, e, por conseguinte, ainda tem um forte ranço do modelo usado pelos seus antigos fundadores. Oro para que o livro de Finzel caia nas mãos destes retrógrados, como também recomendo esta grande obra para leigos e expert, iniciantes e experientes; todos enfim.

O AUTOR
*Hans Finzel é um renomado especialista e consultor na área de liderança, com uma experiência de mais de 25 anos de trabalho em organizações sem fins lucrativos nos mais variados contextos. Na atualidade, preside o CEO de Worldventure, organização americana voltada para o desenvolvimento mundial de líderes.

Josafá Rosendo de Lima
                                                                                                                                                 20/05/2009


UMA PÉROLA ENTRE AS FUTILIDADES DA TV BRASILEIRA

Entendo o dilema de quem costuma ficar até altas horas da noite em frente à televisão, com o controle remoto na mão, passando de emissora em emissora, a fim de encontrar alguma coisa interessante para ver antes do sono chegar. Reconheço, pela própria experiência, que achar algum programa edificante na TV aberta é uma busca difícil. Mas nem tudo está perdido. Se você faz parte desse quadro de caçadores de pérolas televisivas, indico o programa “Provocações”, apresentado na TV Cultura, por Antônio Abujamra, que vai ao ar todas as terças-feiras às 23:00h.


Criado pelo parceiro de Abujamra, Gregório Bacio, na década de 90 (na verdade, estreou em 2000), o programa tem como finalidade, nas palavras do próprio apresentador, “lembrar às pessoas que existem outros na vida”, diversos outros, espaços e cenários possíveis. É um canal aberto para o pluralismo e a liberdade de expressão, que enaltece a democracia.

O programa se divide em quatro quadros que se entremeiam durante a apresentação. Inicialmente, Abujamra entrevista o convidado, o qual pode vir das mais diversas classes sociais, para discorrer sobre os mais complexos assuntos (vida, morte, religião, política, literatura, etc.), todos a partir das lentes subjetivas do entrevistado. Aquela coisa bem fenomenológica de que o mundo que existe é um mundo diferente para cada observador. A conversa é totalmente desprovida de censura e mostra-se recheada de franqueza. Porque a lógica é provocar, levar o outro a externar os seus mais recônditos sentimentos relacionados às nuances da existência, bem como aguçar o espírito crítico do telespectador.

Ali, diante do olhar perspicaz de Abujamra, já foram provocados expressividades nacionais como Juca Kfouri, Roberto Freire, Paulo Autran, João Sayad, bem como outros personagens não muito conhecidos, ex morador de rua, médicos e escritores cujos nomes não nos daremos ao trabalho de citar por acreditarmos serem totalmente desconhecidos do leitor. Na parte final desse quadro, o apresentador pede para seu convidado olhar para uma câmera à sua frente e dizer tudo o que já desejara falar, mas que, por algum motivo, foi impedido, ou a “enforcar-se na corda da liberdade”. Foi em um desses momentos que vi Miguel Arraes externar sentimentos em relação ao Brasil até então inimagináveis para mim.

No segundo quadro, chamado “Vozes de Rua” um repórter sai pelos logradouros públicos de diversas cidades do Brasil, entrevistando pessoas das mais diversas classes sociais e estilos de vida (médicos, advogados, motoristas, domésticas, prostitutas, moradores de rua, pregadores do evangelho). Enfim, para ser abordado, basta estar no caminho do repórter. Essa diversidade de alvos e as diferentes visões de mundo que emergem das conversas traduzem perfeitamente a temática do programam: existe o outro.

No último quadro – Textos e Poesias – o apresentador recita textos de autores consagrados da literatura universal, o que enriquece imensamente o repertório cultural do telespectador. E o melhor é que muitos desses textos, que poderiam ser de difícil compreensão para um leitor iniciante, são adaptados numa linguagem bem compreensível.

Perdido em meio a tantas futilidades que a televisão brasileira tem produzido, o telespectador pode achar uma verdadeira pérola – PROVOCAÇÕES –, um programa enriquecedor e edificante, um convite ao enforcamento na corda da liberdade.






































Um comentário:

Anônimo disse...

faca do monge e executivo